BERTRAND

A Bertrand tem a mais antiga livraria aberta em todo o mundo, como foi declarado esta semana pelo Guiness, a funcionar desde 1732 no Chiado. Ontem, para festejar essa nomeação, alguns jornais, como Público e Expresso, traziam uma falsa capa com publicidade da Bertrand.

Tiro duas conclusões. A primeira é que a falsa capa era bonita. A segunda é que os jornais estão a editar publicidade em falsas capas. Que me lembre, está é a segunda campanha que vejo; a outra foi publicada simultaneamente no Público e no Correio da Manhã. O que pode querer dizer que a publicidade regressa aos media tradicionais.

ESTRUTURA DE ATENDIMENTO AO CLIENTE NA CONTROLINVESTE

A Controlinveste decidiu criar uma nova direcção focada no serviço a cliente, que surge no âmbito da estratégia Customer Centric Organization, com o objectivo de criar uma organização centrada no cliente e prestar um serviço de alta qualidade a um número maior de clientes directos, por via dos aumento de assinaturas em papel e digital (briefing).

IMPRESA – 3

“Em declarações à Lusa, António Pinto Ribeiro, representante da Investoffice, detida a 99,9 por cento pela Ongoing, na assembleia de acionistas do grupo dono da SIC e do Expresso, defendeu que «Pinto Balsemão quer fechar a Impresa apesar de ser uma sociedade aberta e não quer que ninguém tenha uma intervenção nessa sociedade ainda que legalmente tenha direito»” (Económico).

O jornal Diário Económico é detido pela Ongoing, com interesses igualmente na Portugal Telecom, Zon Multimedia e Espírito Santo Financial Group. Há meses, circulou a informação que a Ongoing estaria compradora da TVI, o canal comercial que concorre com a SIC. Na semana passada, a Ongoing apresentou resultados líquidos 236 milhões de euros referentes a 2010. António Pinto Ribeiro, antigo ministro da Cultura, era um dos nomes indicados pelo grupo para entrar na administração da Impresa.

JORNAIS

Numa atitude inédita, diversos jornais ingleses pertencentes a grupos diferentes estão a trabalhar juntos para vender espaço publicitário. Os jornais são The Guardian, The Times, Daily Telegraph, The Independent, The Sun, Daily Mail, Daily Mirror e os seus congéneres que saem ao domingo. Como? Oferecem um pacote publicitário de marcas publicitárias, no caso ligadas ao torneio de ténis em Wimbledon no próximo mês de Junho. A iniciativa da Newspaper Marketing Agency visa atrair as marcas para um meio tradicional, os jornais. Esperemos que seja uma das formas da reinvenção do papel (a partir de notícia do European Journalism Centre).

>OS MEDIA NA SOCIEDADE CIVIL

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Amanhã, 5 de Abril, (terça-feira), o programa da RTP2 aborda o tema Como lidar com os media? Segundo a organização do programa: “O volume de informação que passa pelos nossos cérebros todos os dias, fornecido pelos vários meios de comunicação, é gigantesco. Como seleccionar a informação que verdadeiramente interessa? Como distinguir fontes de informação fidedigna das falaciosas? De que forma percepcionamos a informação amplamente difundida nos blogues e nas redes sociais? Em que medida devemos confiar nessa informação? E como explicar aos mais novos como devem digerir a informação? Numa outra vertente do assunto, também se levantam questões pertinentes: Os órgãos de comunicação social são independentes? Há manipulação da informação? Quem determina – e como – o “interesse público” de uma notícia”? Convidados: Rita Sacramento Monteiro, Fundação Portuguesa das Comunicações; Sérgio Sousa, Coordenador programa Nativos Digitais; Alexandre Brito, Jornalista e Especialista área multimédia; Rogério Santos, Docente Universidade Católica Portuguesa.

RELATADORES DE FUTEBOL

O relatador de futebol não é como o cantor de ópera, mas tem de aguentar 90 minutos a relatar o jogo com voz imponente. Não é escritor ou poeta mas elabora expressões de forte densidade e emoção. No jogo de ontem, entre Benfica e Porto, o relatador classificou um dos quatro jogadores portugueses em campo como cientista da bola e inventor. Num dado momento, quando os adeptos atiraram fruta para o terreno, o relatador dizia estar-se num supermercado, ou melhor, numa grande superfície. A cada golo ou tentativa de golo, ele gritava, exultava, prolongava a duração das palavras, ria, quase chorava. O relatador de futebol na rádio cria e recria ambientes, exagera o que é normal, descobre e descodifica sinais que os habituais assistentes ao jogo não vêem. Por vezes, o relatador pede ajuda a um colega que acompanha a emissão da televisão, à procura de justificação para as atitudes de momento, para encontrar e dizer a verdade ao ouvinte. O relato de futebol na rádio é quase uma obra-prima, fica muito acima da televisão, onde o comentador diz coisas óbvias que nós também encontramos na imagem. O locutor que relata é um entusiasta do espectáculo, um artista, um construtor, quase um génio, tem uma paixão. Por isso, eu gosto muito da rádio.

>GRUPO IMPALA

>Paulo Sérgio dos Santos é o novo director editorial da revista Nova Gente, do grupo Impala. Com 35 anos, esteve na Rádio Renascença e no Rádio Clube Português e apresentou programas na RTP2 e na TVI24. Faz parte dos Corpos Gerentes da Sociedade Portuguesa de Autores (Briefing).

>CALL FOR PAPERS

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The 5th Global Communication Association Conference Global Power Shifts: Impact on Economy, Politics, Culture and Media. October 18-20, 2011. Hotel Istana, Kuala Lumpur, Malaysia.

Conference Tracks and Topics include:

Economics and Business: Macro and Micro-Economics, Management, Human Resource Management, Marketing, Accounting, Finance, Banking, Business Administration, E-Business, The Business and Global Media, Media and the Economic Crisis.

Politics: Global Power Shifts, Globalization and the Youth, Globalization and the Third World Welfare, Globalization and Localization, Global Information and Personalization, Media and Human Rights, Media and the Minorities, Media and Politics, International Relations.

Culture and Media: Press in the Age of Globalization, The Role of Schools in Media Education, Changes in Media Education, Trends in Intercultural Communications, Digital Culture and Social Networking, Corporate Media and Global Hegemony, Media and the Art – Creative Responsibility, and other communication related topics.

Technology and Innovation: Technopreneur, E-Marketing, E-Procurement, E-Takaful [E-Islamic banking, i.e., observing the rules and regulations of Islamic law], E-Business, E-Services, and other Technology and Innovation related topics.

Abstract Submission and Early Bird Registration: April 30, 2011. See more here.

>TVI

>Miguel Paes do Amaral foi eleito presidente não executivo da Media Capital, durante a assembleia-geral de ontem. É um regresso. Paes do Amaral detém 10% do capital do grupo da TVI (cerca de 35 milhões de euros).

>RIGOR E CREDIBILIDADE DA INFORMAÇÃO

>“Os jornais têm como missão clássica informar o público. A informação inclui notícias, reportagens, comentários, entrevistas e análises. Mas, como repositórios de informação, os jornais podem ser também produtores de serviços. Um jornal pode seleccionar informação relevante para um leitor tendo em conta a sua localização […]. Mas, para além da informação, um jornal pode também oferecer a possibilidade de aquisição de serviços, algo que já existe nos portais. […] A vantagem de um jornal como o Público sobre a web […] tem a ver com o rigor e credibilidade da informação” (António Câmara, director da edição de hoje do Público, comemorativa dos 21 anos de existência do jornal).

>NOTÍCIAS SOBRE O JORNAL PÚBLICO

>1) “Cláudia Azevedo admite a cobrança de conteúdos no «Público online». «Estamos a olhar para isso como todos os grupos de comunicação social», afirmou a responsável pela unidade de Media da Sonaecom, que inclui o Público. E acrescentou: «a versão iPad é agora gratuita mas vai ser paga», com a responsável a considerar que não faz sentido não se pagar pelos conteúdos” (Jornal de Negócios).

2) “A partir de amanhã, 5 de Março, dia em que celebramos o 21º aniversário do Público, todos os comentários dos leitores do «Público Online» vão passar a ser lidos antes de serem publicados” (Público).

>REGULAÇÃO DOS MEDIA

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A regulação dos media em Portugal é o tema principal do número mais recente da revista Trajectos (nº 17). Na apresentação do tema, escreve José Rebelo, director da publicação, que Portugal conheceu diversas instâncias de regulação externa dos media nas últimas três décadas. A saber: Conselho de Imprensa, instituido com a primeira lei de imprensa (1976), Conselho da Comunicação Social (1982), com a revisão constitucional desse ano, Alta Autoridade para a Comunicação Social (1989) e Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que agora concluiu o primeiro mandato.

Num dos textos do dossiê, Arons de Carvalho destaca uma característica inerente a todas as instâncias de regulamentação, a sua parlamentarização. A posição deste fundador e antigo deputado do PS é contrariada pelo texto assinado por António Filipe, do Partido Comunista, que, em vez da parlamentarização das instâncias regulamentadoras, diz que essas instâncias têm sido de governamentalização, pois os seus dirigentes são indicados apenas pelos dois principais partidos: PS e PSD.

O dossiê tem ainda nomeadamente textos dos primeiros provedores dos media públicos (Paquete de Oliveira e Adelino Gomes), de uma vogal da ERC (Estrela Serrano) e do presidente do Conselho de Opinião da RTP (Manuel Coelho da Silva).

>A CASINHA DOS PAIS DA GERAÇÃO PARVA

>Luís Nazaré é um reconhecido economista, antigo presidente do Instituto de Comunicações de Portugal, actual ANACOM, e presentemente docente do ISEG. Foi dirigente político e encontra-se ligado aos corpos sociais de um dos maiores clubes desportivos do país. Dele exige-se rigor analítico. O texto que escreveu ontem no Jornal de Negócios, intitulado A casinha dos pais, deveria ter sido mais cuidadoso. Começa assim o texto: “Sem que nada o justificasse, eis que um grupo musical com nome de mulher se vê guindado a um estatuto de referência sociopolítica. Um punhado de rimas de inspiração pequeno-burguesa (como certeiramente assinalou Vicente Jorge Silva) bastou para que alguns dos nossos melhores espíritos perdessem a perspectiva analítica das coisas e se deixassem embalar pela conveniência juvenil do momento. Resta o mérito de ter reavivado o debate sobre o emprego, as qualificações, o mercado do ensino dito superior e as necessidades da economia portuguesa”.

A referência é à música da banda Deolinda sobre a geração parva. Na letra (e música) de Pedro da Silva Martins, Parva que sou, lê-se: “Sou da geração sem-remuneração/e nem me incomoda esta condição…/Que parva que eu sou…/Porque isto está mau e vai continuar/já é uma sorte eu poder estagiar/Que parva que eu sou…./e fico a pensar/que mundo tão parvo/onde para ser escravo/é preciso estudar…/Sou da geração casinha-dos-pais/Se já tenho tudo, pra quê querer mais?/Que parva que eu sou […]”.

Para simplificar, a discussão nas semanas mais recentes divide os portugueses em duas gerações: a parva, ou rasca (na definição antiga de Vicente Jorge Silva), hoje com 25-30 anos; a dos direitos adquiridos, mais velha, com o extremo mais idoso em idade de reforma.

Socorro-me de um texto de Rosalind Gill (2011), em livro que ando a ler e de onde respigo algumas ideias. A autora, que escreve sobre o trabalho precário assente em cultura de incerteza, radica esta na transformação do capitalismo avançado sob o impacto da globalização, rápido desenvolvimento das tecnologias de informação e mudança da governação política e económica no sentido do neoliberalismo. Hoje, fala-se habitualmente de pós-fordismo, sociedade pós-industrial (Bell), sociedade em rede (Castells), modernidade líquida (Bauman), novo espírito do capitalismo (Boltanski e Chiapello), sociedade do risco (Beck), cujas características principais são o risco, a insegurança e a contingência.

Gill (2011: 250) ironiza: na sociedade presente, os trabalhadores criativos ocupam um lugar especial, pois são vistos simultaneamente como celebrantes e críticos do futuro do trabalho. Por um lado, parecem afastar-se da noção tradicional de carreira, assente em conhecimentos e posições adquiridas e nunca postas em causa. Por outro lado, actualizam constantemente saberes e conhecimentos, liderando o papel da classe criativa, à Richard Florida, encarregada de fornecer a panaceia para os males sociais: regenerar áreas urbanas, promover a coesão social e comunitária, e desenvolver a saúde, o bem estar e a qualidade de vida. Adoçados por todos os governos, tornam-se num novo modelo de trabalhadores do futuro: ao mesmo tempo, empreendedores e motivados por altos valores (ligando a criatividade às possibilidades financeiras das novas empresas tecnológicas, geradoras da aproximação entre arte e negócio), tolerantes ao risco, e trabalhadores imateriais e membros icónicos de uma geração com emprego informal, precário e intermitente. A retórica actual combina, pois, empreendimento e criatividade com baixos salários e insegurança, completa o raciocínio a professora de análise social e cultural do King’s College London.

Claro que não posso escamotear as posições ideológicas de Rosalind Gill, como ela as evoca no início do seu capítulo: marxismo, feminismo e pensamento pós-estruturalista (óptica foucaultiana). Mas ela mergulha mais fundo do que Luís Nazaré, com afirmações a meu ver menos felizes, caso de: “Como explicar a avalanche de licenciados em Comunicação Social ou em Relações Internacionais? Um amigo meu, com algum sarcasmo, avança uma tese – os primeiros sonham em ser entrevistadores, os segundos em ser entrevistados”. Será que os 11,2% de desemprego que assolam o país provêm apenas de licenciados em humanidades? Não falta algo no pensamento do reputado economista?

Leitura: Rosalind Gill (2011). “«Life is a pitch». Managing the self in new media work”. In Mark Deuze (ed.) Managing media work. Los Angeles, Londres, Nova Deli, Singapura, Washington: Sage

>DO TWITTER AOS MEDIA CLÁSSICOS

>Em texto editado recentemente, Ethan Bauley refere um estudo da HP que indica quais os tópicos determinantes das conversas nas redes sociais, caso do Twitter. Para Bernardo Huberman, director do Labs’ Social Computing Research Group da HP, não são os mais prolíficos “escritores” do Twitter que marcam a agenda e as tendências das notícias, mas os media tradicionais, com aqueles a funcionarem como filtros e amplificadores.

A equipa da HP recolheu dados durante 40 dias no Outono de 2010, com uma amostra de 16,32 milhões de mensagens de Twitter. Identificou 22 utilizadores que foram a fonte de muitos repetidores de mensagens de Twitter quando o tópico indicava uma tendência. Desses 22, 72% eram mensagens de Twitter oriundas de media com CNN, New York Times, El Pais e BBC.

>CICLOS DE MEDIA

>2011, a meu ver, marca o começo de um novo ciclo dos media em Portugal. Argumentos: 1) os jornais lançam edições para ser lidas no ipad e noutras plataformas pagas, de que o Expresso é o exemplo mais recente, depois de 15 anos de ciberjornalismo, 2) mudanças de pessoas e estratégias nos canais tradicionais de televisão, como as transferências da RTP para a TVI e da TVI para a SIC, além da reentrada de Paes do Amaral na TVI como accionista, que traçarão certamente modelos novos ou reajustados nas grelhas de programação e informação, 3) as audiências de cabo e outros chega a 26%, o que em 2010 não atingia 20%, muito por força da alteração de medição pela Marktest, e que parece reflectir melhor o que se passa realmente com o cabo no seu conjunto a poder ultrapassar a audiência do canal generalista TVI, líder desde há anos, 4) por via disso, maior segmentação e pulverização nos investimentos publicitários por meio, 5) notícias do arranque da televisão digital, ou pelo menos do seu não atraso de arranque ou switch-off, 6) eleição ou espera de eleição do novo conselho regulador da ERC, 7) anulação do concurso da CAEM para novo operador de audiências, mas a breve necessidade de abrir um novo, dada a premência da televisão digital. São alterações tecnológicas, comerciais, de programação e de reguladores e empresas de medição, com necessidade de uma gestão estratégica dos media de maior acompanhamento e incerteza de resultados. A palavra convergência ganha novos e mais fortes contornos.

>JORNALISMO E MERCADO DE TRABALHO

>O mercado de trabalho do jornalismo foi estável ao longo de décadas, mas mudou radicalmente (Singer, 2011: 103). Um terço dos jornalistas são freelancers, fazem parte de uma pool de talentos subutilizados (Hesmondhalgh, 2007). A combinação entre precariedade de trabalho, regime crescente de trabalho freelancer, difícil contexto económico dos media financiados pela publicidade e mudança do poder dos jornalistas para as audiências e os empregadores colocam um conjunto de mudanças e desafios particulares nas empresas de media (Deuze e Fortunati, 2011: 113). Inquéritos identificados por estes dois autores indicam que os jornalistas entendem a difícil e complexa situação da gestão dos media na actualidade mas ainda se interrogam sobre os factores que motivam a mudança. Por outro lado, é realçada a necessidade em investir na comunicação, formação, incentivos e recompensas. As mudanças ocorrem em simultâneo com emagrecimentos (downsizings) e layoffs, associados a equipas mais pequenas, orçamentos mais baixos e menores recursos. A negociação do contrato individual resulta em deterioração das condições de trabalho dos jornalistas: salários mais baixos, menos segurança laboral e relações de trabalho mais eventuais (número variável de horas de trabalho, rotação de emprego, flexibilização de horários). Olhando para a organização contemporânea de trabalho em situação transnacional, conclui-se pela criação de uma força de trabalho mais flexível, multitarefas e com muita mobilidade. Isto tem consequências na qualidade das notícias produzidas.

Leituras: Deuze, Mark, e Leopoldina Fortunati (2011). “Atypical newswork, atypical media management”. In Mark Deuze (ed.) Managing media work. Los Angeles, Londres, Nova Deli, Singapura e Washington: Sage
Singer, Janet (2011). “Journalism in a network”. In Mark Deuze (ed.) Managing media work. Los Angeles, Londres, Nova Deli, Singapura e Washington: Sage
Hesmondhalgh, David (2007). Cultural industries. Londres: Sage

>NOVO CONSELHO REGULADOR DA ERC

>Segundo o Correio da Manhã, a apresentação de candidaturas para o Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) termina a 25 de Fevereiro e as eleições estão marcadas para 11 de Março. O actual Conselho Regulador, que terminou hoje o mandato, é composto por cinco membros, com quatro elementos indicados pelos dois maiores partidos da Assembleia da República.

>MODELOS DE CONTEÚDO DOS MEDIA

>Lucy Küng analisa três modelos de conteúdo dos media: massa, nicho e participativo. O primeiro resultou da explosão dos meios electrónicos da rádio e da televisão (ela não refere, mas poderíamos acrescentar o cinema enquanto indústria cultural de massa). O segundo tem a sua evolução a partir de finais da década de 1970 e começo da seguinte, com a oferta por satélite e por cabo. Notícias muito recentes indicam o crescimento: em Portugal, no último fim-de-semana, o cabo atingiu 26% de share. De ontem, vem a informação que o canal de televisão regional por cabo Porto Canal tem 5,7% de telespectadores do norte do país que o vêem diariamente (estudo do Instituto de Pesquisa de Opinião de Mercado IPOM). O terceiro modelo em Küng diz respeito à última década com a proliferação de plataformas (Facebook, YouTube, Blogger, entre outras) e em que as gerações mais jovens são produtoras de conteúdo. A concorrência dos três modelos tem impacto nos investimentos publicitários, que se pulverizam.

Leitura: Lucy Küng (2011). Managing strategy and maximizing innovation in media organizations”. In Mark Deuze (ed.) Managing media work. Los Angeles: Sage

>LEI HÚNGARA PARA OS MEDIA

>O governo húngaro comprometeu-se a apresentar emendas à sua controversa lei sobre os media, que provocara uma condenação generalizada em toda a União Europeia, em especial porque a Hungria está à frente da presidência rotativa da UE. Após uma reunião entre a UE e peritos húngaros, ontem, o governo húngaro anunciou o envio de um primeiro projecto de alterações à Comissão Europeia para análise até 10 de Fevereiro. Zoltan Kovacs, ministro da comunicação da Hungria, disse que as negociações se concentraram em três pontos da lei, relacionados com a isenção da comunicação, país de origem e registo dos media, três áreas de objecção.

>DAILY, O JORNAL DIGITAL DE MURDOCH

>No Museu Guggenheim, em Nova Iorque, Rupert Murdoch apresentou o The Daily, jornal criado para o iPad, com Eddy Cue, vice-presidente da Apple para a Internet, ao seu lado. O patrão da News Corp. indicou que “as oportunidades da era das tablets são enormes”. As duas primeiras semanas de adesão são gratuitas, passando a custar 99 cêntimos por semana, no que constitui “mais uma arma de Murdoch contra as notícias grátis na Net” (Nuno Cardoso, Diário de Notícias).

>MEDIA SOCIAIS E MÉDIO ORIENTE

>Os acontecimentos que estão a ocorrer em diversos países do Médio Oriente (Tunísia, Egipto, Jordânia e Iémene) parecem ter sido promovidos pelo Facebook, Twitter, YouTube e outros media sociais (blogues, email). A comunidade académica está a acompanhar o que se passa nesses países e começa a estudar o fenómeno.

O dr. Ralph D. Berenger (rberenger@aus.edu), professor associado da American University of Sharjah, dos Emirados Árabes Unidos, propõe-se publicar um livro, Social Media Go to War: Unrest, rebellion and revolution in the Age of Twitter. Enquanto os media tradicionais relatam a violência das ruas, os media sociais estão por detrás da preparação e organização dos eventos. Para o seu livro, o dr. Berenger procura 25 a 30 capítulos entre três e cinco mil palavras que examinem como se formam as redes e movimentos de massa, além de procurar compreender como reagem as autoridades no seu controlo e silenciamento. Aceitam-se propostas de capítulos até 15 de Abril próximo. Edição: 2012.

Por seu lado, com Johanne Kuebler e Ilhem Allagui como editores convidados, o International Journal of Communication (IJoC) [editores permanentes: Manuel Castells e Larry Gross] está a abrir uma chamada para artigos sob o tema Tunisian and Egyptian Revolutions and the Role of Communication Technologies, a ser publicado em 2011. Prazo para entrega: 15 de Março. Contacto: Ilhem Allagui (iallagui@aus.edu).